
Saiu de sua casa logo depois de um rápido banho quente- como se isso fosse possível- e de ter vestido suas roupas apressada.
Entrou no seu carro, que ainda tinha cheiro de novo, e ligou-o com a chave. Ficou ouvindo o barulho do motor anestesiar seus ouvidos daquela manhã entorpecida de névoa.
Olhou para o banco traseiro, conferindo pastas,maletas e bolsas que possivelmente deveriam estar ali.
Ela gargalhou, ou bufou. Disse entre dentes que seria terível aquele dia e então gargalhou ou bufou novamente.
Dirigiu pela estrada até a primeira aveniada com o som das rodas passando pelo asfalto úmido,molhado,frio daquela manhã meio chuvosa.
Seguiu dobrando por mais algumas ruas até o seu trabalho enfim. Olhou para o porteiro e o cumprimentou gentilmente. "Como vai a Sra.?" "Dia frio não? Deu na previsão que o sol pode abrir" Era o que aquele velho homem falava. Ele, deveria estar ali desde bem cedo, para recepcionar a entrada daqueles inúmeros carros pretos e prata.
Teu carro era de cor vibrante.
Já na tua vaga diária, com seu carro morto, baixou a cabeça no volante e murmurou alguns palavrões. Respirou fundo.
Olhou o relógio. 5 minutos para a hora prevista. Saiu do carro e de longe se lembro de fecha-lo, mas era fácil, apertou o botão sem mesmo precisar se aproximar.
Pegou o elevador panorâmico, vendo as pessoas diminuirem a cada um dos 30 e poucos andares.
Olhou para aquela sala de vidro fume. Respirou fundo. Sabia que por tras de toda aquela "cabine anti som" haveria muito barulho.
Uma reclamação. Seguida por outra, outra e mais outra. Quem sabe mais algumas muitas outras. Se ao menos ouvesse motivo. Ah, sim, havia, o seu chefe era descompensado demais.
Pegou suas tralhas. Olhou para alguns projetos que estavam em sua pasta, e os deixou sobre a mesa.
Levantou-se, quase sem ser notada, pois o aquele seu chefe estava ocupado tentando parecer superior.
Se virou. Toda aquela barulheira fechada, na cabine. Aquela barulheira e todo o seu atordoamento. E, durante todo o percurso de volta - o mesmo da ida - se viu leve.
Olhou para o relógio. Que horas eram aquelas para qualquer pessoa acordar? Não era hora de pessoas trabalharem, deve ser por isso que achara teu dia tão frio.
Voltou a dormir, no aconchego quente da cama.
Teu telefone toca. Ela abre as cortinas, sorrindo, pois ainda nem é hora do café, mas ela vai no aeroporto. Ela não precisa se ocupar no computador de madrugada, nem gastar teus míseros créditos.
Estava um sol lindo.
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