
Ela era só mais uma das pessoas que saiam de suas casas e atravessavam aquela avenida tumultuada daquela cidade turbulenta.
Era só uma das muitas pessoas que ficou com preguiça de ouvir a discução dos vizinhos suburbanos daquele bairro com pouca cara de subúrbio. Olhou para sua janela procurando uma fuga do 5° andar do seu prédio. A televisão ligou sozinha, embora tenha sido o gato que sentou em cima de seu controle remoto real. Voltou-se novamente para a janela, e sentiu-se idiota ao notar que havia esquecido daquela escada de "emergência".
Olhou para os lados como se estivesse aprontando e pulou sua janela.
Desceu sem se sentir notada pelas pessoas que transitavam na calçada abaixo de seus pés. Muitas carregando jornais, se olhando no espelho, carregando seu café matinal - aquele tomariam apenas quando chegassem a seus trabalhos.
Pulou ao fim da escada, ainda que isso resultasse em um certo turbilhão de problemas em seu manequim.
Ela sabia que ninguém falaria com ela naquela avenida tumultuada. Não pelo fato de ser seu primeiro ano morando em outro lugar-não era-, muito menos porque não tinha amigos - ah, sim, ela tinha - mas porque ela sabia que estávam todos muito ocupados e despreocupados com o que ela poderia estar querendo fazer ali.
Esperou o sinal da rua barulhenta fechar e atravessou até o outro lado da rua pela faixa extensa de pedestres enquanto colocava seus fones e ativava o modo aleátorio de seu celular. Sabia que não se enjoaria tão cedo daquelas músicas que pusera ontem enquanto comia sua pizza do disk entrega, não havia mais de três ou duas músicas que fossem realmente parecidas.
Roubou uma flor qualquer da floricultura do sr.alguma coisa e a segurou como se fosse um presente.
Ela desceu a rua, mais uma vez, assim como ontem, e os próximos três dias semanais do qual ela teria aula na faculdade.
Olhou para o Campus sentindo repulsa, faltavam alguns dias para completar o seu curso. Imaginava a festa prometida por alguns de seus amigos/colegas/conhecidos para a semana seguinte.
Ela fez algumas das provas restantes, pegou alguns resultados, pegou o metro e voltou para a casa.
A televisão ainda estava ligada, ou teria sido ligada novamente por aquele gato bandido?
Ela ligou seu computador, pegou seu telefone e pensou em que número discar, ela estava com preguiça de fazer a comida mais um dia. " Disk pizza não " era o que ela deveria estar pensando. Comida chinesa talvez, mas logo assim que fez seu pedido, ligou seu som ao máximo, tocando as mesmas músicas do celular e do mp3.
Ela poderia passar as horas do seu dia, narrando compulsivamente toda a sua rotina cansativa mas ela já estava de saco cheio.
Entrou na sua caixa de email antes mesmo da mensagem esperada chegar.
E depois mesmo da comida ter acabado, ela se ocupava entretendo os dedos no teclado, digitando uma conversa, rindo,mexendo os pés que não tocavam o chão da cadeira - era alta demais, ou seria a sua baixa estatura? - fazendo com que o dia seguinte fosse um tédio de verdade, pois ela passaria a madrugada inteira acordada.